sábado, 22 de novembro de 2008

RELIGIÃO POPULAR BRASILEIRA

T O R É


Na boca da meia noite / eu vou brincar o meu Toré ( BIS )
vou chamá todos caboco / da aldeia do Caindé ( bis )
Caindé, Caindé / Inderê Caindé ( bis )


O Toré é um ritual místico religioso de origem indígena, do norte e nordeste brasileiro.
Embora esteja ligado ao Catimbó e a Pajelança, entre outros cultos de origem amerindios, O Toré ainda busca, de certa forma, manter a pureza de suas tradições. Mesmo assim é um ritual sincrético, marcado que é, pela forte presença da cultura européia, notadamente pela mistura dos povos que aqui se adaptaram.
O Toré , é de início um ritual de final de semana, ao ar livre, em lugar previamente estabelecido, na mata, em uma clareira. Hoje se faz dentro de um recinto. Na cidade de Piaçabuçu no estado de Alagoas. quando não havia perseguição policial o ritual era executado próximo de um cruzeiro das almas.

Os participantes de um Toré são indios puros, filhos e descendentes, cafusos, mamelucos, caboclos e afins. É necessário comprovadamente, ter sangue de indio, porque brancos e negros não podem participar, principalmente, nas cerimônias mais importantes ou aquelas consideradas fundamentais para a sua sobrevivência .
Atualmente, o Toré praticado em Piaçabuçu, está semelhante ao Catimbó e a Pajelança, pelo menos quando se observa o ritual público. Os participantes reunem-se à noite das sextas feiras, num recinto acanhado. sob a luz de candeeiros, em círculo dançam e cantam acompanhados por tambores,maracás e palmas; bebem, fumam cigarros-de-palha ou charutos, e
aguardam os espíritos de seus antepassados que continuam dançando,cantando e bebendo. A noite passa e ao amanhecer do dia todos se recolhem para reiniciar na noite seguinte.
Não é um culto aos deuses, os orixa, como no Candomblé, mas sim um ritual que visa o contato dos espíritos de seus antepassados com aquela comunidade para trazer bons augúrios.
No Toré que presenciei em Piaçabuçu, já havia presença de negros e brancos, embora a maioria era de caboclo. Por outro lado, observa-se dois momentos distintos: Um é aquele público,da festa, do canto, e da dança; o outro, é o da reza, da cura e do segredo. A presença se limita aos iniciados e aqueles adiantados no "trabalho", que é chamado de "trabalho de ciência".
No "trabalho de ciência" só se apresenta espíritos de caboclo e "juremados"; o caboclo é o
"encantado" das matas, dos rios, dos mares, de origem indígena, vivendo nas profundezas daqueles mundos, em suas aldeias ou reinos. Enquanto o "juremado" é aquele que está nos ares, mas que em vida bebeu jurema, líquido preparado com muito fundamento mágico, ou morreu sob uma juremeira. Ele não precisa ser indios mas é necessário ter sangue de indio, assim ele poderá frequentar as aldeias e torés.
O "trabalho de ciência" tem como finalidade a cura, o bem estar daquele que busca soluções para seus problemas, o que para isso encomenda os "serviços" do mestre do Toré. É nesse momento que segredos são revelados, rezas fortes e fórmulas mágicas são enunciadas, com o surgimento dos mestres do além exibindo todo o seu conhecimento.
Uma das práticas mais procurada nos "trabalhos de ciência"é o ritual mágico chamado "fehamento do corpo". segredo que não deve ser revelado para os não-iniciados. Acredita-se que caso venha a ser revelado a magia perde o seu encantamento.

( Extraído dos originais de meu trabalho sem título e editora)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

ENTRE O CEU E A TERRA

CERIMÕNIA DO 'AXEXE' NOS CULTOS DE ORIGEM TRIBAL AFRICANA NO BRASIL


Em toda sociedade o cerimonial fúnebre é significativo e necessário, E quanto mais importante em termo de "status" for o indivíduo, mais elaborado e complexo será o seu "último adeus".
Nos Candomblés tradicionais, culto aos Orixa, de origem tribal africana,a cerimônia de despedida dos mortos daquela comunidade,é chamada AXEXE.
A palavra AXAXE é de origem Iorubá e serve para designar um cerimonial fúnebre com a finalidade de "despachar" a alma à sua origem, libertando-a da matéria.
O pensamento Nagô é que "uma vez cumprido seu cíclo de vida cada ser humano se desintegra para restituir-se em parte às massas progenitoras e reforçar o ÁSÈ das mesmas. Quanto mais a vida de um ser humano terá sido útil e profícua para a comunidade, mais seu Àsé será poderoso. Outra parte daquela força e poder será reencarnado em seus descendentes diretos. (vide "Os nagos e a morte" de Juana Elbein).
O ritual dentro das diversas casas de santo é sem pre o mesmo, com pouquissimas variações e os acontecimentos que por ventura venham a surgir. Porém, em toda cerimônia, os aatabaques , instrumentos musicais, são silenciados sendo substituidos por uma outra espécie de instrumento musical próprio para aquela cerimônia, O branco das vestimentas é obrigatório, como também o uso de moedas. A duração é de três a sete dias e nos cinco primeiros o ritual é sempre o mesmo sofrendo variações de pouca importância.
No momento em que o ser humano expira, sua parte espiritual desprende-se do corpo e retorna ao espaço; uma vez enterrado, a matéria se decompõe. Suas partes que contêm a agua ,vão unir-se às águas contidas na terra enquanto a carne será absorvida pela terra e os ossos, com o tempo, se tornarão pó.