sexta-feira, 29 de agosto de 2008

SEXUALIDADE

Desde a Antiguidade que o Estado tem preocupação em regular e controlar a sexualidade. Os gregos e romanos não estimulavam a masturbação na fase da adolescência embora usassem as crianças para suas práticas sexuais.
Em "Eros e os processos cognitivos, 1996", Schott afirma que "tivessem ou não satisfação com as esposas, os homens livres podiam impunimente ter relações sexuais com servos, meninos ou meninas...", Apesar de terem consciência " do carater ameaçador do desejo sexual, indicado pelas crianças comumente sustentadas referentes a Eros, que os gregos acreditavam ser uma força extremamente poderosa". Os gregos viam o prazer sexual como uma pertubação e acreditavam que a desordem causada pelo prazer sexual levaria à loucura, mas também como uma atividade que dá vida e leva os homens ao seu destino mortal. Sexo e morte estavam associados. Daí surgirem ,vários rituais de purificação, entre eles o Órfico, que tornou generalizada a condição de pureza, como modo de vida; e a pureza seria a total e absoluta rejeição a todas as coisas poluidoras, entre elas o sexo e a morte.
Como observamos, desde a antiguidade entre os gregos , a criança era um ser insignificante, mal entrada na vida, renegada ao âmbito do lar, na mesma condição da mulher. A idade infantil era até os sete anos, e, a partir dos oito anos já era considerada a etapa da puberdade. É provável que não houvesse lugar para as crianças.
Entre os gregos, em especial na cidade estado Esparta, costumava-se sacrificar as crianças deficientes, e, na cidade estado ATENAS, os homens livres cediam seus filhos aos mestres, a partir dos oito anos para educá-los no conhecimento e nos prazeres da vida; A criança, tanto quanto as mulheres e escravos eram objetos de uso pessoal dos senhores.
Philippe Ariès no seu livro" História Social da criança e da família", afirma que "até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la... Esse sentimento de indiferença com relação a uma infância demasiada frágil em que a possibilidade de perda é muito grande, no fundo não está muito longe da insensibilidade das sociedades romanas ou chinesas, que praticavam o abandono das crianças recém-nascidas".
Em seu livro "Um amor conquistado, 1985", Badinter alega que "ainda em pleno século XVII a
filosofia e a teologia manifestarão verdadeiro mêdo da infância"...
No livro "A Cidade de Deus" de Santo Agostinho observa-se uma carga dramática e apavorante contra a criança, considerando-a um elemento do mal, símbolo do pecado original. Para ele a criança era um ser ignorante, sem regras, que caso não fosse controlada praticaria toda espécie de crime. Para Santo Agostinho a criança é o mais forte testemunho de uma condenação lançada contra a totalidade dos homens, pois ela evidencia como a natureza humana corrompida se precipita para o mal. A partir de então cria-se um aparato repressivo contra os costumes, desejos e hábitos das crianças.
A pedagogia, a educação, as escolas da época têm sua origem nos mosteiros e seguindo a doutrina clerical foram criando cada vez mais métodos repressivos contra a sexualidade, não só
nas crianças, como também nas mulheres e nas famílias; para o povo daquela época, a criança era mais um estorvo ou mesmo uma desgraça do que um mal ou pecado, devido a miséria e a pobreza em que viviam; cedo, a criança se tornava adulta, se conseguisse sobreviver.
Marilene Chauí em seu livro "Repressão Sexual,1984", afirma que "a partir do século XVIII,
começa a idéia de infância propriamente dita"... " Com Rousseau, surge a diferenciação de idades e de sexo, o que seria apropriado a cada um, além da preparação para as responsabilidades sociais, o casamento e a paternidade".
Reportando a Ariès, ele diz que " Por volta de 1600...dentro dos limites da primeira infância, a discriminação entre meninos e meninas era menos nítida. Ambos os sexos usavam o mesmo traje, o mesmo vestido {...} a especialização das brincadeiras atingia apenas a primeira infância, depois dos três ou quatro anos, ela se atenuava e desaparecia. A partir dessa idade, a criança jogava os mesmos jogos e participava das mesmas brincadeiras dos adultos, quer entre crianças, quer misturada aos adultos". {...} Com o poder do Cristianismo, sua doutrina, teologia e filosofia foram largamente difundidas e impostas à civilização ocidental.
"Essa corrente de idéias remontava ao século XV, época que fôra bastante poderosa para provocar uma mudança na disciplina tradicional das escolas. Gerson fora então seu principal representante..." {Ariès,op.cit.132}.
Gerson, autor do livro "De Confessione Mollicei, é descrito por Ariès, de maneira clara e demonstra a importância que suas ídéias foram para a sexualidade infantil no mundo atual com relação a repressão sexual. Gerson estudou o comportamento infantil com o objetivo de auxiliar os confessores para que estes despertassem em seus pequenos penitente - e variavam entre dez a doze anos de idade um sentimento de culpa. A sensação que ele transmitia era de que a masturbação e a ereção sem ejaculação eram práticas generalizadas . Ele chamava de Peccatum Mollicei, mesmo sabendo que não havia polução, considerava mesmo assim, uma questão muito grave; afirmava que tirava a virgindade da criança como se ela frequentasse mulheres. E afirmava também que era um ato que beirava a sodomia.
Assim percebe-se que a doutrina moderna quanto a sexualidade está próxima daquele discurso, considerando a masturbação um momento ou etapa da sexualidade prematura.
Naquela época não se acreditava na inocência da criança, mas já se buscava entender o seu comportamento sexual. Daí para frente, foram prescritos vários ensinamentos repressivos, como por exemplo: não se beijarem, não se tocarem com as mãos nuas, não se olharem, evitar promiscuidade entre pequenos e grandes, dormir na mesma cama, nem mesmo que seja do mesmo sexo; a delação era obrigatório entre os alunos. Tudo era feito para evitar as amizades, principalmente com a criadagem. Surge uma literatura pedagógica destinada a familia e aos educadores. Vejamos alguns princípios dessa pedagogia: Primeiro, evitar de deixar as criança sozinhas; segundo, evitar mimar as crianças; terceiro, pregar o recato; quarto, ensinar a decência e a modéstia, e extinguir a intimidade nas maneiras e linguagem.
Para Foucault { in Sexualidades Ocidentais}, "a idéia que comumente se tem de uma ética sexual cristã está por ser revista em profundidade e, por outro lado, que o valor central da questão da masturbação tem uma origem outra que a campanha dos médicos da século XVIII e XIX". Para os teólogos cristãos a masturbação era, também fornicação, que eles afirmavam poder nascer do pensamento de imagens e de lembranças... consideravam imundíce, impureza que se produzia sem contato com a mulher, quando se dorme ou estando acordado.
Com o surgimento da Reforma ha uma preocupação nítida dos calvinista e dos luteranos em associar o sexo às doenças, não só do corpo como do espírito. Para eles, a castidade deve estar externa e internamente no homem. Censuram aquele que não aceita reconhecer as suas doenças e seus desejos; incitam os homens a lutar com bastante esforço contra o desejo e tinham desprezo pelo sexo, chamando o corpo de "presídio da alma". Para eles, a carne é repleta de perversidade. A burguesia daquela época tinha uma grande preocupação com a saúde, a higiene e a longevidade;Daí então, surge uma nova "tecnologia" do corpo, paralelamente com o florescimento das idéias protestantes. nascendo assim, uma preocupação entre a burguesia com relação a pureza do corpo e a salvação da alma. É nesse clima que surge uma rêde de relações "prazer-poder". É nessa trama que o sexo transita sem ser molestado ou reprimido porque a ideologia está fincada no controle da sexualidade. Entre muitas estratégias temos a da pedagogização do sexo infantil que nada mais é do que o controle da masturbação.
Conforme Foucault os recursos empregados foram: primeiro, a codificação das tecnicas de "fazer falar", como a confissão; segundo, a postulação de uma causalidade sexual e difusa criada pela psiquiatria; terceiro, postulação de um princípio de clandestinidade ou de latência do sexo, e, finalmente, a classe médica, com a medicalização do sexo pela classificação das anomalias, disfunções e moléstias e, pela proposta de terapias. Partindo daí, criou-se não uma repressão sexual mas uma produção da sexualidade, conhecimentos verdadeiros ou falsos sobre sexo, inventando-se métodos, técnicas e controle.
Citando Chauí, "o dispositivo da sexualidade elaborada na sociedade burguesa, substitue o critério do sangue pelo do sexo e ao fazê-lo, torna possível a idéia central da psicanálise: o sexo como simbolização. Essa simbolização, diz Foucault," é um mecanismo do poder para dirigir o corpo, a vida , a proliferação . " ...

sábado, 23 de agosto de 2008

MAGIA

O diabo assusta o homem que assusta o diabo



o encontro



Antes de partir, o babalorixa deixou tudo preparado. Dona Carmem e Neide foram obrigadas a se banharem, juntamente com as jovens abians, futuras iniciantes ou yaôs, banho especialmente,preparado para aquela ocasião.
A velha Carmem a princípio relutara maas com as ameaças de Jeru, inclusive proibindo a sua presença caso não obedecesse, assentiu.
O quarto da jovem iniciante foi preparado dentro dos principios mágicos aprendidos por pai Jeru, e, a própria Mocinha foi mais uma vez borizada, sua cabeça alimentada, especialmente com material vindo da África; seu corpo foi untado com ori,( manteiga,) axé, força, elemento do orixa Oxala, deus da pureza, brancura como as nuvens e o algodão.
Das oito às dez horas daquela noite todos trabalharam febrilmente, apenas a jovem iniciante,
Mocinha sentia indiferença àqueles preparativos, repetindo que não gostaria de vê sua cabeça raspada, seus cabelos mais cortados do que já fôra e assim resmungava continuamente.
O pai-de-santo então lhe acalmou avisando que ela não seria raspada, não iria dançar no barracão, local das festas públicas, nem iria colocar aquelas roupas de negro, como ela afirmava. A jovem acalmou-se.
Jacira, a mãe-criadeira, Josi, o pai-pequeno, cuidaram de todos os detalhes com muita dedicação e afinco enquanto pai Jeru inspecionava e corrigia as falhas que por acaso surgiam.Finalmente, os três foram para o quarto dedicado aos santos, orixa, chamado roncó, iniciando o ritual para a defesa de cada um.
Antes, tomaram o banho de ervas quinada( abô), untaram os corpos com ori, vestiram-se de branco, colocaram os contra-eguns, pulseiras feitas com palha-da-costa presas nos ante-braços, os colares protetores chamados deloguns, guias ou simplesmente fios-de-contas.
Jacira e Josi foram rezados com reza forte, seus corpos fechados, com pó especialmente preparado, considerado mágico, riscados com um punhal de aço e fogo.
Quando chegou a vez de Jeru, o Babalorixa, coube a Jacira, a incubência de fazer o mesmo ritual.
Munidos de sal grosso, velas, dentes de alho roxo, cachaça, pólvora, enxofre, dendê e outros utensílios, além de um gato preto devidamente surrupiado da vizinhança, preso em um saco com o focinho amordaçado para não denunciar as intenções, partiram.
As vinte e duas horas da noite de Todos os Santos o carro amarelo de Jeru, também devidamente preparado, partiu carregando uma carga muito preciosa e com uma tarefaespecial:
encontrar um local apropriado para o cumprimento da missão. O local seria uma mata com água corrente e totalmente deserta de seres humanos. Jeru não estava preocupado por que sabia, tinha certeza que seria guiado por seus orixa. Iria aonde tivesse que ir por que tinha a convicção que na hora exata o diabo estaria esperando por ele.
Na primeira encruzilhada que passaram jogaram sal grosso e três dentes de alho; salvaram Exu das Encruzilhadas e esconjuraram o bicho das trevas, assim o chamavam, enquanto um uivo de um lobo ecoou naquela noite fazendo Josi tremer e se encolher, Jacira rezar o credo e Jeru sentir um calafrio na espinha e dormência na cabeça.
A lua ia subindo, tomando conta da estrada, prateada, o clarão se confundindo com as cores da terra, misturando coisas, criando fantasmas, assustando os assustados daquele carro amarelo, indiferente a tudo seguia seu caminho que se estreitava, o matagal se fechava e as árvores cresciam.
O clarão da lua cheia ajudava a visão de Jeru que seguiu até encontrar o alto de uma colina. Lá embaixo, a lua se espelhava num lago formado por um fio prateado que caia comoos fios de contas de yemanjá. Desceram do carro e seguiram a pé, carregando o material, dividido entre os três. Jeru levava o o saco onde se encontrava a oferenda, o gato preto, seguindo na frente, com os sentidos aguçados, guiado por uma força que lhe deixava totalmente sem a razão. Finalmente encontrou a clareira que estava completamente banhada pelos raios da lua cheia.
Meia noite em ponto o rei das trevas seria invocado para receber a sua oferenda mas teria que prometer deixar a jovem iniciante em paz do contrário tudo seria em vão e Jeru perderia a batalha contra o Zombeteiro.
Vinte e três horas e trinta minutos. Depois de andar em círculo, perto da cachoeira, descobriu uma clareira de forma oval que parecia obra de alguém que ali acampara, com uma espessa ramagem porém os raios daquela lua que lá do alto parecia vigiar, clareavam com bastante intensidade todo o espaço que seria usado para o ritual. Iniciaram os preparativos e apesar dos assovios, cri - cris, estalos e pios de corujas, os três aparentavam tranquilidade, trabalhando em silêncio e compenetrados.
Absortos, não olhavam nem para os lados, nem para tras e nem entre si. Eles não percebiam mas um enorme cão preto seguia todos os seus passos, ora aparecendo, ora sumindo entre as árvores,
Um círculo, o signo de salomão, velas foram acesas, garrafas de cachaça foram abertas, óleo de dendê, sal grosso e os demais ingredientes, postos em torno do círculo, riscado com pólvora e enxofre. Todo ritual é acompanhado por cantos e rezas apropriados sempre puxados por Jeru, e cinco minutos para meia noite tudo estava pronto para a invocação final.
Pai Jeru se posicionou dentro do círculo, de frente para o nascente, com punhal na mão, calça arregaçada, cabeça coberta por um pano branco, peito nu, bastante firmeza nas mãos e na voz, solicitou que Jacira lhe trouxesse o gato preto. Josi , por sua vez posicionou-se pronto para tocar fogo no círculo, assim que chegasse o momento.
O pai de santo segurou o animal com a mão esquerda, sempre cantando, enquanto com a direita segurava firmemente o punhal. Repetinamente, as fôlhas das árvores pararam de bailar, o vento foi dormir, o gato hipnotizado estava preparado para cumprir o seu destino. A lua fincou-se sobre a cabeça de Jeru, o zelador de axé, filho das origens de Angola, para cercá-lo com suas forças e energia, Ela era sua regente força geradora e criativa.
Meia noite. Com toda a força de seu ser o babalorixa iniciou a chamada, a prece brotou das suas entranhas, rasgou chão, mata, água e ceu. As palavras eram anunciadas, a invocação era repetida.
Todos estavam tensos, corpos amortecidos mas as mentes em alerta. O animal, seguro pelas pernas balançava-se no ar, mudo, o seu momento de liberdade. O silêncio era aterrador e havia no ar um cheiro acre, de enxofre queimado. As pernas de Josi não obedeciam a sua mente enquanto suas mãos queimavam ao segurar aquele graveto que ora parecia apagado, ora brilhava como uma pequenina estrela.
Jacira olhava fixa para um determinado ponto, parecendo advinhar que algo sairia de lá. Seu corpo sabia, sua mente lhe dizia, enquanto seus negros olhos grandes mexiam-se com grande intensidade. Pai Jeru reiniciou a invocação: " Senhor das trevas, deus dos caminhos, entradas e saídas, eu vos saudo em nome de toda a sua corte, em nome do Maioral, Satanás e Belzebu .
Eu vos peço que se digne a aceitar esta oferenda e aqui suplico que venhais recebê-la para
dignificar este vosso aflito e humildo servo. Oh, senhor das trevas sem fim, onde quer que estejais eu vos chamo e conclamo , vinde a mim em nome do grande Lúcifer, senhor dos infernos".
Os olhos negros de Jacira cresceram, cresceram, suas órbitas tornaram-se pequenas, miudas para contê-los. O chão tornou-se forno, brasa, fogueira, queimando os pés, tostando seu corpo curtido de negra sofredora, povo pendente, amarras presas.
Seu corpo explodiu, de seu útero surgiu um grito que lhe foi subindo pelas entranhas, sensação de paridez, passou pelo coração acelerado, disparado, sofrido, chegando na garganta seca como o ventre da terra de sua gente,esquálida e rouca, para finalmente explodir no ar, estufando língua, dentes brancos, lábios proeminentes.
A lua assustando-se escondeu seus raios e naquele momento nasceram as trevas. Um animal negro, gigante, peludo, chifres imensos e pernas curtas, olhos, imensas fogueiras, surgiu da visão da negra Jacira, voando sobre o círculo, uivando intensamente ,e com uma só bocanhada arrancou da mão de Jeru, o animal indefeso. O bicho, o demo, assim como surgiu desapareceu deixando no ar o cheiro de couro queimado, chifre, enxofre.
Um baque surdo foi sentido pela terra orvalhada. Era o corpo de Jacira que oscilou, flutuou e bailou no ar para em seguida ser amparado pela mãe terra. Josi, até hoje não sabe se viu ou não viu, Sonho ou realidade... Jeru, era uma estátua posta naquela mata. As árvores voltaram a fazer sombras com o ressurgimento da lua e tudo voltou ao normal naquele mundo de magia. O vento apareceu e timidamente vai mantendo aceso o graveto que ficara jogado com a fuga de Josi.
Da escuridão da mata, surge o cão negro que entra no círculo e com sabedoria empurra com as patas traseiras o graveto que ali se encontra, caindo diretamente no riscado de pólvora, surgindo então um clarão que corre todo o circulo, deixando atras de si uma cortina de fumaça com cheiro de enxofre.
O animal sumira envolvido pela fumaça. Uma chuva fininha, suave e amiga desce para brotar
sementes, acordar corpos atrofiados, presos, amedrontados...
Passaram-se segundos, minutos,horas...Ninguém sabia. Mas para o pai-de-santo foi uma eternidade.
A magia acontecera e o encanto permanecia naquele lugar.































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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A PROCRIAÇÃO

No abraço, no desejo de união de ambas as metades, originou-se a procriação, O homem com penis e a mulher com a vagina. O SOL e a TERRA. O sol introduzindo seus raios no seio da terra fecunda, dá início a uma nova criatura.

Um turbilhão de cabeças grandes com pequenas caudas chamadas espermatozoide vão como numa maratona em busca do objetivo final, que é o óvulo. A maioria fica pelo caminho, absorvida pelos elementos daquela caverna escura, úmida e cheia de emaranhados. Assim, apenas alguns sobrevivem, ou apenas um, dependendo de vários fatores,chegará primeiro, desbaratando todos os impecilhos e cruzando a reta de chegada. Daí em diante, o espermatozoide ao se fundir com o óvulo faz surgir um novo ser.

Uma nova vida interfere no corpo feminino durante nove meses, quase sempre. Vai crescendo, trazendo história, tecendo história e fazendo história. É no encontro das metades, na fusão,pelo abraço que as duas metades se dão. Na atividade sexual surge uma nova criatura.
O espermatozoide ao penetrar no óvulo vai formar também a sexualidade, e aquela criatura ao sair para o mundo exterior luta pela sua autoconservação, a vida; e, ao mesmo tempo demonstra a sua pulsão para o prazer.

sábado, 16 de agosto de 2008

O HOMEM E A MULHER

Platão, (apologia de sócrates,banquete,2000), narra o discurso de Aristófanes, poeta cômico, nascido em Atenas, "outrora a nossa natureza era diferente do que é hoje. Havia três sexos humano, mas não apenas como hoje, dois. o masculino e o feminino - mas acrescentava-se mais um, que era composto ao mesmo tempo dos dois primeiros, e que mais tarde veio a desaparecer deixando apenos o nome : andrógino.
...O masculino descendia de hélios, o sol; o feminino de Geia, a terra; e o andrógina , de Selene, a lua...os homens possuiam formas redondas, tinham costas e flancos ao seu redor, quatro mãos e quatro pernas, duas faces semelhantes sobre um pescoço redondo, uma só cabeça para esses dois rostos opostamente colocados, quatro orelhas, dois órgãos de geração e tudo o mais na mesma proporção."
Um dia zeus, por vários motivos, decidiu cortar os homens em duas partes e ordenou a Apolo que curasse as feridas e que virasse o rosto dos cortados e o pescoço para o lado em que a separação havia sido feita.
Daí em diante "cada uma das metades pôs-se a procurar a outra".
Só que naquela época os homens tinham os órgãos genitais na parte posterior, e, Zeus vendo que a raça humana iria se extinguir resolveu colocar os órgão da geração na frente.
" Zeus estabeleceu a procriação pelo homem na mulher, e, quando, no amplexo, o homem encontrava uma mulher..."