sábado, 28 de novembro de 2009

RELIGIÃO

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.


Mais uma vez é notícia de jornal a ação de fanáticos religiosos considerados "neopentecostais", contra os "Centros" de UMBANDA.
Apesar de vivermos na era da tecnologia, continuamos procedendo como se estivesemos nos anos cincoenta para traz. A intolerância religiosa soa como uma praga que o homem ainda não conseguiu erradicar da face da terra. No Brasil, as religiões mais perseguidas são justamente aquelas de origem afro-brasileiras.
O fato é que o problema, a sua raiz, está mais no nível do político e econômico do que da religião. Há uma verdadeira caça a cliente pelos membros daquelas pseudos "igrejas", que alimentam ressentimentos contra os "Centros espíritas", principalmente aqueles que demonstram uma crescente clientela em seus rituais e procura ao seu líder.
Os ataques, uns pela violência, outros tomando de empréstimo seus rituais para fins econômicos e como chamariz de adeptos adaptando-os às suas necessidades econômicas.
O ser humano no decorrer de sua história civilizatória passou por vários tipos de perseguições consideradas religiosas, mas que por traz estava o poder, a riqueza e o desejo de possuir todo riqueza que pudesse usufruir. Deus era apenas a fachada. Fanatismo dos ignorantes mas projetos bem elaborados dos poderosos.
Durante anos que me dediquei ao Candomblé de denominação "Bantu-Caboclo", vivi uma experiência desse tipo de fanatismo. Minha casa, nas festas em homenagens aos Orixa, era sempre repleta e havia fila de carros, eu era considerado, pela comunidade, rico. Assim, a cobiça crescia em torno. Há trinta anos atras surgia na região o movimento "neopentecostais", hoje, há vários em cada rua. Os botecos estão perdendo espaço e cliente.
Uma vizinha que frequentava minha casa, resolveu ser "evangélica", até ahi tudo bem! mas logo em seguida começou o movimento na varanda de sua casa, sempre sábado a noite. Vinha um grupo de pessoas com um possante serviço de som e em direção a minha casa, iniciava o
barulho: cânticos, pregações, ameaças e palavras de ordem contra os "filhos do diabo".
Como nunca deixei nada barato, iniciei a minha contra ofensiva. Comprei um serviço de som completo equipado com altofalantes potentes e todo vez que eles começavam, eu ligava o meu som e colocava discos de cantigas do Orixa, principalmente Exu. Dessa forma abafava o barulho que vinha do outro lado. Criou-se até torcida na rua para . A guerra foi declara da e cada vez eu me tornava mais agressivo: Dançava, cantava e rogava pragas...
Uma bela noite, assim que eles iniciaram, eu decidi fazer um ritual de AXAXE(cerimônia feita nas casas de camdomblé para preparar os espíritos dos iniciados para sua última viagem), leva vários dias, mas a minha finalidade era despachar aqueles que estavam me pertubando, o mais rápido possível.
Acompanhado de um disco e atabaques iniciei a dança pedindo para os espíritos dos meus antepassados despacharem aqueles idiotas para bem longe. Serviço completo. Em pouco tempo surgiu uma desavença entre eles, fez-se silêncio do som mas ouvia-se o disse-me-disse. Paz para mim, guerra entre eles. Tudo terminou.
O que realmente falta entre os adeptos de "casa de Santo", seja ela Umbanda ou Candomblé, uma maior união, elegendo os seus candidatos políticos assumidos espíritas, e não os aproveitadores de ocasião, para lutar pelos nossos direitos e economicamente, torna-se mais uma comunidade, como era antigamdente, buscando assim ter uma infra-estrutura para lutar contra aqueles que se sentem ameaçados. Para isso é necessário maior união, menos vaidade, mais conhecimentos e menos ignorância. O Deus é igual para todos, mas os objetivos...
Enquanto isso, seremos perseguidos não só em nossas casas, o que é pior, mas no trabalho e em outros locais. Olorun é poderoso e saberá nos defender. Axé!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SEXUALIDADE

Doçura e luxúria.

Uma visão da cultura árabe sobre a prática sexual.(Para amenizar um pouco o discurso machista
introduzo, no final, um visão Proustiana ).

"Abençoado seja a mulher apaixonada e responsiva na cópula e abençoado seja o homem que lhe ensinou isso, e ambos alcançarão o auge nas dádivas de Alá."
(Maomé)
"Aquele que é capaz de desfrutar a cópula , e não o faz por qualquer razão, não está comigo e perdeu seu paraíso terrestre".
(maomé)
"Abençoada é a mulher cujo leite é doce e fluido, pois ela está dando ao seu bebê o nectar de Alá".
"Abençoado seja o homem peludo e a mulher sem pêlos que é um deleite para os olhos e o tato".
"Deflorar não quer dizer ferir ou mutilar . Deve ser um ato de ternura e compreensão, e talvez de prazer (ditado popular)
"Para garantir o perpétuo amor e devoção das mulheres, deflorai-as com a maior das ternuras, pois o amor morre na primeira noite se a dor substitui o prazer."
"Portanto, a cópula deve ser considerada o mais nobre, belo e significativo de todos os atos humanos."
Não há tributo ou delicadeza de gesto maior que possa ser presenteado ao homem pela mulher".
A mulher satisfeita é uma criatura deliciosamente doce. É um deleite para os olhos, o corpo e o espírito do homem, que terá através dela um vislumbre do Paraíso."

Proust escreve que " Às vezes uma idéia toma conta de mim: começo a escrutar longamente o corpo amado(...). Escrutar quer dizer vasculhar: vasculho o corpo do outro, como se quizesse ver o que tem dentro, como se a causa mecânica do meu desejo estivesse no corpo adverso (me pareço com esses garotos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo).Essa operação é conduzida de uma maneira fria e atônita; estou calmo, atento, como se estivesse diante de um inseto estranho, do qual bruscamente não tenho mais medo. Algumas partes do corpo são particularmente favoráveis a essa observação: os cílios, as unhas, a raiz dos cabelos, objetos muito parciais. É evidente que estou então fetichizando um morto. A prova disso é que, se o corpo que escruto sai da inércia, se ele começa a fazer qualquer coisa, meu desejo muda; se,por exemplo, vejo o outro pensar; meu desejo cessa de ser perverso, torna-se de novo imaginário, retorno a uma Imagem, a um Todo: amo novamente."

terça-feira, 3 de novembro de 2009

MAGIA

SACODIMENTO
Entre os vários rituais que desenvolvem-se em um "terreiro" de Candomblé, há aquele que nós chamamos de SACODIMENTO.
Várias são as finalidades, mas a principal é a limpeza espiritual ou abertura de caminhos, para que o indivíduo melhore na vida material ou possa purificado, cumprir outros rituais.
Essa prática ritualística estende-se a todas as coisas que interessa ao indivíduo. Exemplo: limpeza de um local de trabalho, moradia, etc.
Eu lembro-me que uma vez um cliente me pediu para "olhar" um cavalo de corrida que, apesar do porte físico e beleza, mantinha um comportamento aleatório dentro das competições. Depois que apliquei o sacodimento no animal, ele rolava na cocheira sacodindo-se todo enquanto fazia um ruido estranho com o focinho. No dia seguinte correu um páreo e ganhou.
O materia l usado para esse ritual é muito diversificado pois depende da situação e necessidade do cliente. Dessa forma darei aqui uma fórmula que sempre empreguei para afastar "forças negativas" ou abertura de caminhos. Eu sempre o chamei de "sacodimento branco", devido o material empregado. Eis portanto, o que deve ser empregado e como fazer.
7 velas brancas comuns; 7 bolos brancos feito com a farinha de mandioca e água; 7 punhados de arroz ferventado; 7 punhados de milho branco ferventado; 1 pedaço de pano branco (morim); 7 punhados de pipocas feitas na areia do rio ou mar; 7 punhados de chuchu, picado; 7 punhados de batata inglesa picada; 7 ovos brancos; 7 pedaços de repolho picado; ... Todos os ingrediantes são colocados em pratos (que pode ser de papelão), eajeitados num círculo imaginário, no salão, sala, mata, rio, mar. Não é para ser feito em encruzilhada.
O círculo é dividido em quatro polos:norte, sul, leste e oeste. O norte é aquela onde o indivíduo fica de frente, preferencialmente, a entrada da casa; o sul,é aquele em que o indíviduo fica de costa.
Na frente fica um copo com água e uma vela acesa, juntamente com um prato com os ovos e três velas: no polo sul, ou seja atraz do indivíduo fica um prato com o milho branco ferventado: os outros pratos vão cicundando o indivíduol; nos quatro polos acende-se uma vela
O indivíduo ficará no centro do círculo, descalço, enrolado em um pano branco, camiseta branca, etc.
Primeiro,passa-se o pano branco no corpo do indivíduo, pedindo licença a Exu e todos os orixa, em seguida as velas (uma por uma), continuando com os outros ingredientes, sendo que por último passa-se o milho branco. Após o ritual o indivíduo é levado para um banho de ervas, que chamamos abô. As ervas são maceradas e misturadas com água. O uso das ervas é de certa forma usado de acordo com a disponibilidade das mesmas: aroeira, guiné, colônia, etc. Após o banho que é dado por alguém, com o indivíduo despido, sem pudor, para em seguida usar uma outra roupa de preferência branca, com o corpo molhado porque a água deve escorrer pelo corpo sem a interferência de terceiros. Antes de sair deve-se descançar um pouco, isso porque sempre há uma reação. O resguardo de sexo e comida carregada, como carne de porco é de 24 horas.
Ao passar os alimentos pelo corpo deve-se saudar os orixá de acordo com o alimento, pois cada um tem seu deus preferido. O canto, salvo as variantes é: Xaura e,e, bocunã, Xaura é e ê bocunã.
(Acredito, que não seja igual em todo "terreiro", variando o canto,a pronúncia, etc).
Em seguida, sem a presença do indivíduo, o praticante vai reunindo o material que está no círculo, apaga as velas e quebra em três, juntando aos outros ingredientes, faz uma trouxa com o pano branco que ficou sob os pés do indivíduo depois de passado em seu corpo, e cantando, sai de frente para a porta de entrada, "Xô, xô obé (bis) Exu Odara comonim ebó(bis), continua até sair do recinto com a trouxa para ser despachado na encruzilhada, mata, etc.
Obs: o paciente que passou pelo ritual só sái depois que o despachante do ebó volta.
Os leigos, a princípio têm uma certa aversão, mas ao passar dos dias, cumprindo os preceitos determinados, começam a usufruir dessa magia poderosa.