quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O SEXO E A FEITIÇARIA

" Tu deverá usar sempre o luto, cobrir-te de farrapo e machucar-te pela penitência a fim de reparares o erro de teres feito com que o gênero humano se perdesse...
Mulher, tu és a porta do diabo. " ( Tertuliano )
Nos tempos medievais a mulher por não ser valorizada fez com que ela se tornasse a figura central da bruxaria. Assim, as mulheres eram queimadas nas fogueiras da Inquisição pelo poder que tinham de praticar bruxarias comunicando-se com o Diabo através de atividades orgiásticas. E o sexo era o grande vilão da história.
A bruxaria tornou-se desde então, um indicador da feminização, e a partir do século XV, a relação com o sobrenatural satânico tinha conotações sexuais. No Sabbat, festas noturnas na floresta, são as mulheres que têm papel predominante nas suas relações sexuais com o Demônio, consideradas insaciáveis, praticando várias formas de sexo , inclusive a cópula ,nas cerimônias apropriadas que chamavam de Sabbat.
As bruxas são consideradas agentes do Demônio, e tudo em sua volta está impregnado do poder da bruxaria, tendo o Demônio como o mentor dessas atividades, trazendo assim, perigo para a sociedade.
A caça às bruxas teve uma queda acentuada a partir do final do Século XVII. Mas o Demônio continuou a exercer seu fascínio sobre as mulheres, criando um exército de mulheres-bruxas dedidcadas a entregarem seu corpo e sua alma aos prazeres do sexo, em noites de lua cheia nas florestas. Surgia assim, uma religião diabólica onde o culto era coletivo e as mulheres mantinham cópula com íncubus, que nada mais era do que o Diabo.
Eis uma das razões do Cristianismo ter criado a imagem da Virgem Maria como a mulher pura, casta e mãe amantíssima, contrapondo à mulher-bruxa, pervertida, amante do Demônio. E então passando a pregar a importância da mulher pura, e pregando o sexo casto, contido, sublimado, ao contrário do sexo exercido pela bruxa, que é desordenado, impuro, demoníaco.
Para a Igreja Católica, o sexo tornou-se condenado fora do casamento , e sua importância está apenas na procriação. A mulher seria um ser submisso, inferior, e portanto, sob o jugo dos homens. Santo Agostinho dizia " nos homens a matéria reflete o espírito feito à imagem de Deus, na mulher apenas a alma possui reflexos divinos..."
Através das mulheres a bruxaria tornou-se o meio comunicador com o sobrenatural satânico, criando uma visão do sexo insaciável e por isso mesmo fora dos padrões da Igreja. Assim, a feitiçaria, através das mulheres-bruxas torna-se um mal que deve ser combatido pelo poder eclesiástico, que diferente da bruxaria identificada como o sexo com o Demônio, reafirma o valor da castidade.
Hoje em dia, a feitiçaria perdeu o seu poder popular, limitando-se a quatro paredes e sem peso contra o poder eclesiático, mas sempre usada pelos inimigos como discurso, para combatê-la.
A bruxaria continua com suas atividades no mundo de hoje, embora como menos adeptos e mais homens, tornando a mulher apenas objeto sexual. O sexo, fora do controle da sociedade tornou-se objeto a ser combatido; a feitiçaria, como forma de manifestação fora do controle da sociedade é ilegal e sua prática acarreta uma série de sanções. Mas, nem por isso ela deixou de existir; juntamente com o seu mentor espiritual, o Demônio.