segunda-feira, 2 de abril de 2012

MÁGICOS E SACERDOTES

Nos diferentes graus de civilização, os sacerdotes têm atuado como mediadores socialmente reconhecidos entre os homens e os poderes sobrenaturais. Eles são os especialistas em rituais e, nas sociedades pré-letradas, os responsáveis pela preservação, através da tradição oral, dos mitos e do corpo de idéias e conceitos religiosos que constituem importante parcela da herança intelectual de um povo.
As funções, seleção, treinamento e posição social dos sacerdotes diferem muito, mesmo dentro das sociedades simples, e a designação de "sacerdote" foi dada a uma grande variedade de praticantes religiosos que têm pouco em comum entre si, exceto uma dita habilidade de estabelecer contato com deuses e espíritos ou de manipular com forças sobrenaturais.
Em alguns grupos sociais há distinção entre sacerdotes, dirigentes religiosos oficiais e representativos da comunidade, e os mágicos ou profetas, cujo poder advém de experiências sobrenaturais individuais ou do que se presume ser inspiração direta de deuses e espíritos. Na prática, porém, as funções desses dois tipos de executivos religiosos muitas vezes se superpõem e a distinção não parece ser regra geral. Do ponto de vista econômico, aos poucos, o sacerdócio tornou-se uma categoria de especialização profissional, o que não acontecia aos antigos grupos humanos de caçadores e coletores de alimentos, nos quais qualquer adulto era considerado capaz de invocar deuses e espíritos e solicitar seus favores por meio de orações e oferendas, sendo desnecessário qualquer treinamento, e onde a hereditariedade não era relevante para a prática religiosa e tampouco a organização de ritos regiosos desfrutava de quaisquer privilégios especiais.


( Extraído da revista "Homem, mito e magia", Ed Três, pag 195, vol I, número 10 )