quinta-feira, 11 de novembro de 2010

RELIGIÃO

UMA BREVE VISÃO DO CANDOMBLÉ DO BRASIL

A sociedade brasileira é uma síntese das culturas africana, européia e índigena americana. Todavia, verificamos que há uma predominância da cultura européia, mas com uma forte influência da cultura negra, agora, cada vez mais revista e considerada, principalmente quando se discute os seus valores na arte, na religião, na música e na culinária.
A importância do africano no Brasil está sendo discutida com uma certa seriedade, não só pela sua densa população como também pelo seu valor histórico na formação da economia brasileira entre outras atividades a extração de minério e plantação da cana-de-açúcar.
O transporte da cultura africana para o Brasil foi violento e arbitrário por um longo período da formação social brasileira. Durante séculos sociedades inteiras foram dizimadas, seus membros mortos ou vendidos como escravos, distribuídos para várias partes do mundo principalmente para o Novo Mundo, incluindo os portos brasileiros.
A religião como parte importante do sistema social africano, em especial da região chamada Costa dos Escravos, veio aqui reassumir papel de suma importância na sobrevivência de sua cultura. Membros de várias linhagens, regiões e grupos diferentes aqui se reuniram, trocaram informações, mesclaram conhecimentos, reforçaram os laços ideológicos que muitas das vezes foram rompidos em sua terra natal através de guerras e demandas; passaram a assimilar novos costumes, novos dialetos, novos deuses, mas sempre mantendo os laços comunitários rompidos na suas terras de origem.
Desse modo, a pureza da cultura regional, tribal ou mesmo de nação, foi manchada na própria origem e em seguida nos porões das embarcações através dos oceanos, para finalmente nos portos de desembarque quando famílias inteiras eram desfeitas, seus membros espalhados para as diversas partes desse imenso Brasil.
Roger Bastide afirma que os primeiros escravos deveriam pertencer às tribos do litoral: " Vieram os Bantus, representados pelos negros de Angola, Congo e Moçambique; os Islâmicos, como os Mandigas, Haussas, Tapas, Gurunsis, e por últimos os Sudaneses, divididos entre povos Iorubas: Nago, Ijexa,Ketu, etc.; Os Daomeanos como os Geges; e os Fanti Axanti chamados de Mina, e outros menores."
Acredita-se que os últimos negros a serem escravos e vendidos aqui no Brasil eram do grupo Nagô, principalmente os de Ketu que se estabelecendo na Bahia, importaram " seus costumes, suas estruturas hierarquizadas, seus conceitos filosóficos e estéticos, sua língua, sua música.sua literatura oral e mitológica.E, sobretudo, trouxeram para o Brasil sua religião..." ( Juana Elbein)
Essa visão que temos desta miscigenação torna dificil para nós definirmos o grau de pureza das religiões chamadas afro-brasileiras; mas observa-se claramente que a cultura religiosa Nagô predomina, possivelmente pela possibilidade de intercâmbio que se efetuou logo após o fim da escravidão, tornando assim mais latente suas tradições.
Assim, encontramos uma certa resistência por decendentes dos grupos afro-baianos de aceitaram como puros os demais rituais, catalogando-os como impuros, ciosos que são de suas raizes, a "Nação Yoruba". Sendo assim , uma forma " utilizada pelos terreiros para marcar suas diferenças e expressar suas rivalidades, que se acentuam na medida em que as diferentes formas religiosas se organizam como agências num mercado concorrencial de bens simbólicos." ( Beatriz Goes Dantas ).
Partindo desse contexto, é necessário levar em consideração todas as dificuldades que a História registra, afirmando que não há pureza no sistema religioso afro-brasileiro, mas uma adaptação em um novo contexto social.

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